O DECOPE – Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas da NTC&Logística é responsável por estudos técnicos voltados à apuração de custos do transporte rodoviário de cargas e logística, estatísticas do setor, estudos macroeconômicos e formação de índices de custos referenciais que medem a inflação do TRC há 28 anos.

Seguindo a sistemática de apuração dos índices que indicam o impacto da variação dos preços dos insumos do serviço de transporte rodoviário de cargas, o DECOPE registrou, nos últimos 12 meses, os maiores índices de inflação média para o segmento de carga lotação (INCTL) desde a criação deste índice pela NTC em 2003. Já para o segmento de transporte de cargas fracionadas (INCTF), o valor também é histórico, o maior dos últimos 26 anos (superado apenas pelos números iniciais de 1995).

O acumulado de 12 meses do INCTL alcançou 31,05% em junho de 2022, sustentado pelos 63% de aumento do diesel (S10). Nos 12 meses, o INCTF teve um acumulado de 17,60%.

Contribuem, de forma significativa, os aumentos, nos últimos 12 meses, dos principais insumos utilizados pelo setor, além do combustível: aditivo Arla32, 70,1%; veículos, 31,2%; rodagem, 19,3%; aluguéis, 10,3% etc.

É importante observar que estes valores do INCT se referem apenas à inflação dos últimos 12 meses, não refletem a defasagem do frete, que não só persiste e é reflexo do aumento fora do normal dos insumos pós pandemia.

Ainda preocupa a falta do recebimento dos demais componentes tarifários, tais como frete-valor, que está relacionado aos custos dos riscos legais da atividade, e o GRIS, que remunera os custos inerentes às medidas de combate ao roubo de carga e os custos decorrentes dele.

Cabe lembrar que, muitas vezes, os custos adicionais, decorrentes de serviços eventuais, tais como: devolução, reentrega, permanência de carga, entre outros, são superiores ao próprio frete peso. Uma situação que precisa ser tratada adequadamente pelo mercado rapidamente.

Concluindo, o momento é difícil, pois o setor tem que enfrentar uma corrida para repassar os aumentos frequentes que está sofrendo (foram 4 anúncios de reajuste da Petrobras em 6 meses). Além disso, teremos uma campanha eleitoral, Copa do Mundo, alta dos juros, ameaça de recessão no mundo e, para piorar, uma guerra na Europa. Agravando ainda mais a situação, verifica-se que, mesmo os insumos estando com valores altos, boa parte deles não é encontrada no mercado. Também persiste a condição de que muitos transportadores não conseguiram reajustar seus fretes adequadamente, comprometendo bastante o caixa das empresas, razão pela qual o alerta tem caráter vital para a preservação da saúde financeira e da capacidade de investimento das empresas do setor.

Portanto, é aconselhável e prudente que o transportador e seus contratantes negociem o repasse da inflação do período e das defasagens anteriores, a fim de manter o equilíbrio de seus contratos, a manutenção da qualidade e a garantia dos serviços de transporte de forma sustentável.

São Paulo, 4 de agosto de 2022.

Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística