No primeiro dia do evento, em São Paulo, palestrantes falaram sobre o futuro das tecnologias aplicadas ao transporte

Por Agência CNT Transporte Atual

16/08/2023

As tecnologias, de uma forma geral, têm evoluído radicalmente e entregado para a população cada vez mais dados e informações para ajudar na tomada de decisões. Nos próximos dez anos, muitas das resoluções econômicas estarão nas mãos da geração Millennial, acostumada ao mundo digital e, por isso, pouco resistente às inovações tecnológicas.

Para apresentar e demonstrar, na prática, de que forma essas tecnologias impactam o setor de transporte brasileiro, uma das trilhas de palestras do SEST SENAT Summit discorre a respeito do futuro das tecnologias. O evento reúne centenas de líderes e executivos das maiores empresas de transporte do Brasil no Teatro Santander, em São Paulo (SP), até esta quarta-feira (16/08).

No primeiro dia, os palestrantes mostraram que as tecnologias exponenciais não são só sobre tecnologia, mas também sobre os impactos que elas têm na sociedade. Nas últimas décadas, foi possível ver inúmeras disrupções ocorrerem, não pelo aprimoramento dos caminhões e automóveis, mas sim pela mudança do modelo do modal. A mensagem dos palestrantes para os empresários é de que eles já conhecem a teoria e precisam ter visão de futuro para que o transporte seja apenas beneficiado com os impactos da tecnologia.

“Nós já vimos, no passado, acontecer a disrupção de mercados inteiros por causa da falta de visão, no qual olhavam para o passado para projetar o futuro. O que eu vim trazer é que podemos nos antecipar às mudanças. Os algoritmos estão sendo compartilhados por todo mundo; a diferença está na capacidade de uso dos dados, isso sendo influenciado pelo mercado consumidor e pelas legislações”, explicou Leandro Mattos, global faculty da Singularity University e CEO das sci-techs CogniSigns e Stimully.

Leandro reforçou a importância do big data aplicado à tomada de decisão no transporte. Segundo ele, quando os dados são utilizados de forma eficaz podem beneficiar a sociedade e impactar a análise e tomada de decisão.

Na mesma linha de pensamento de Leandro, prosseguiu Eduardo Ibrahim, global faculty da Singularity University, que mostrou como a utilização de tecnologias exponenciais tem se tornado fundamental para estratégias empresariais bem-sucedidas, reestruturando a economia, os negócios e a sociedade. Dentro desse contexto, o blockchain e a identidade digital estão causando um impacto significativo, descentralizando os meios de pagamento e proporcionando maior segurança e comodidade para os clientes.

Blockchain já é uma realidade e, mais cedo ou mais tarde, vai estar em todas as empresas. Do mesmo jeito que uma empresa hoje tem um banco de dados e organiza seus dados à sua maneira, ela vai começar a organizar em blockchain, criar valores tokenlizados dentro da sua rede e transacionar esses valores entre seu setor e o governo. O governo que, como estamos vendo também, faz essa interface entre blockchain privado e blockchain governamental, com a iniciativa do Drex, o real digital”, explica Eduardo Ibrahim.

Evolução

Todas essas novas tecnologias — que impactam o setor transportador — passam por ciclos de inovações, e os empresários precisam ficar atentos para saber a evolução de cada um e quando devem utilizá-la. Para isso, Pedro Fogolin, executive partner na empresa de consultoria Gartner, apresentou o Hype Cycle, uma ferramenta da própria Gartner em que é possível fazer o acompanhamento de inovações devido à expectativa do público em geral sobre aquela inovação.

“Essa expectativa reflete diretamente em investimentos, em evolução da tecnologia, em mais pessoas utilizando e aplicando essa tecnologia. Os empresários costumam acompanhar o Hype Cycle, que é o ciclo de inovação de alguma tecnologia, justamente para ver quando eles vão investir e quando eles vão entrar, e eles usam também para comparar várias tecnologias e ver qual delas realmente vai vingar no futuro”, explica Pedro Fogolin.

O executivo alertou os transportadores sobre os movimentos que estão acontecendo na relação da tecnologia de inteligência artificial com a redução da pegada de carbono — metodologia criada para medir as emissões de gases causadores do efeito estufa: “O empresário do transporte no Brasil tem que estar atento a isso, pois é quase mandatório, nos próximos anos, ter um controle da pegada de carbono e esforços para redução da mesma”.

Para alguns especialistas que estiveram no evento, essa realidade de “dataficação”, em que as interações e os processos do mundo real se tornam profundamente interligados com os dados digitais, é um momento de transição. “É uma oportunidade gigante: você pode encarar essa transição como uma ameaça ou como uma oportunidade de crescer, porque não existe ainda uma fórmula pronta e quem for inteligente vai começar a perceber oportunidades únicas que não haviam antes”, afirmou o professor na Universidade de Stanford, Ram Rajagopal.

O professor explorou, em sua palestra, como a sociedade se tornou “dataficada” e como essa mudança tem implicações profundas desde o planejamento da infraestrutura de transporte até a forma como as pessoas se deslocam e vivenciam a cidade. Ao explorar os desafios atuais que surgem desse fenômeno, os participantes puderam desvendar uma visão sobre o futuro da infraestrutura das cidades.