Estudos do DECOPE indicam a inflação do TRC

 

O DECOPE – Departamento de Custos Operacionais e Pesquisas Técnicas e Econômicas da NTC&Logística, responsável por estudos técnicos voltados à apuração de custos de transporte rodoviário de cargas e logística há 30 anos, apurou, no ano de 2022 (12 meses), o impacto da variação dos preços dos insumos do serviço de transporte rodoviário de carga, que resultou em uma inflação média para o setor de:

– 17,01% para o segmento de carga lotação ou fechada (INCTL – Índice Nacional de Custos do Transporte de Carga Lotação) e

– 10,60% para o segmento de carga fracionada (INCTF – Índice Nacional de Custos do Transporte de Carga Fracionada).

Contribuem de forma significativa para estes números os aumentos dos principais insumos utilizados pelo setor:

É importante observar que estes valores do INCT referem-se apenas à inflação dos últimos 12 meses, não refletem a defasagem do frete que persiste, reflexo dos aumentos fora do normal dos insumos pós Pandemia:

Variação desde janeiro de 2021

Apesar de o INCT indicar uma inflação acima da oficial medida pelo IPCA (5,79%) em 2022, o que traz muita inquietação para o setor é o repasse dos aumentos dos últimos 2 a 3 anos, quando o INCT atingiu alta histórica:

E é sempre bom lembrar a falta do recebimento dos demais componentes tarifários, tais como frete-valor, que está relacionado aos custos dos riscos legais da atividade, e o GRIS, que remunera os custos inerentes às medidas de combate ao roubo de carga e os custos decorrentes dele.

Cabe salientar que muitas vezes os custos eventuais (Generalidades), decorrentes de serviços inesperados, tais como devolução, reentrega, permanência de carga, estadias, entre outros, podem ser superiores ao próprio frete-peso. Uma situação que precisa ser tratada de forma adequada e rápida pelo mercado.

Concluindo, apesar da diminuição do ritmo dos aumentos, o momento continua difícil, principalmente em decorrência da existência natural de incertezas com a mudança de governo, das consequências trazidas pela guerra que continua entre a Ucrânia e a Rússia, da taxa de juros básica que está alta, entre outras dificuldades. Agravando ainda mais a situação, verifica-se um aumento da dificuldade na contratação de motoristas e autônomos. Além disso, permanece elevada a quantidade de empresas transportadoras que não conseguiram repassar aos seus fretes os aumentos dos últimos anos, comprometendo bastante os seus caixas, razão pela qual o alerta tem caráter vital para a preservação da saúde financeira, bem como a capacidade de investimento para atender as demandas do mercado.

Enfim, é prudente e sensato que o transportador e seus contratantes acertem o mais breve possível o repasse da inflação do período e acabem com as defasagens existentes, a fim de manter a qualidade e a garantia dos serviços de transporte de forma sustentável.

São Paulo, 10 de fevereiro de 2023.

Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística