Mesmo com toda a possibilidade de inovação e criação de um novo amanhã, é preciso que o ser humano, o empresariado e os governos repensem os seus papeis de agentes responsáveis pela qualidade de vida da sociedade

Por Agência CNT Transporte Atual

Para Sally Dominguez, inventora e futurista, os maiores problemas das cidades e dos transportes na atualidade se resumem nos congestionamentos cada vez mais frequentes e na vontade da população de se movimentar em uma velocidade cada vez maior. Afinal, diante de um mundo acelerado, as pessoas procuram por meios de locomoção que as façam chegar mais rapidamente aos seus destinos ou que entreguem suas encomendas em tempo recorde.

Para solucionar a questão, como explica Sally Dominguez, empresas e startups estão na corrida por novas soluções de mobilidade. É o caso dos testes feitos com veículos aéreos, como os carros voadores e os táxis aéreos com possibilidade de levar até seis pessoas em velocidade acelerada. A especialista vai além ao demonstrar que o exército de alguns países tem testado vestimentas específicas capazes de fazer pessoas voarem, ainda que em baixa altitude, para realizar resgates ou levar equipamentos, medicamentos ou mantimentos para determinadas regiões.

Em relação ao problema da mobilidade urbana, Sally sugere que o transporte vertical tem se tornado uma solução cada vez mais viável e, por que não, uma nova fonte de renda para o setor transportador. “Por enquanto, essas coisas custam caro. Mas, como vocês viram, a transformação exponencial será capaz de mudar essa realidade”, explica.

Sally Dominguez comenta que a grande sacada, para estar na vanguarda da inovação, não diz respeito apenas a se relacionar com empresas e startups que já estão comercializando produtos e soluções futuristas. Para a especialista, o diferencial está em manter contato com inventores com vistas a participar ativamente dos debates sobre tecnologias exponenciais, inovação e disrupção. “Não desconsidere uma tecnologia por considerá-la irrelevante. Tudo é relevante. Chegou a hora de pensarmos muito além do que a nossa história permite”, conclui.

David Roberts, especialista em inovação e disrupção, compartilha da mesma opinião. Para ele, as pessoas mais improváveis têm a capacidade de se tornar os maiores cientistas e engenheiros do mundo. No entanto, ainda que as empresas tradicionais tenham capacidade para implantar a inovação em seus processos de trabalho (e modificar totalmente os produtos e serviços oferecidos ao mercado), normalmente isso não ocorre porque o público interno, que deveria “comprar a ideia”, é extremamente resistente à disrupção e à mudança. É exatamente por isso que, normalmente, a inovação fica restrita às startups.

Para Roberts, muitas vezes a disrupção morre nas empresas quando as ideias são ignoradas pelas lideranças que afirmam que elas não fazem parte do escopo da organização. “Líderes exponenciais não tentam mudar o mundo. Eles tentam mudar a si mesmos e, naturalmente, o que está à sua volta, sofre mudança”, destaca.

As lideranças se tornaram uma engrenagem e, como tal, podem ser facilmente substituídas, como afirma David Roberts. Nesse sentido, é necessário romper essa “bolha” e partir para soluções corajosas. “Coragem não é a ausência do medo, mas a certeza de que existe algo maior que o medo. O impacto global começa com a coragem de mudarmos a nós mesmos”, reforça.

Encerramento do Executive Program

O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, encerrou o quarto dia de Executive Program agradecendo a presença dos 78 executivos do transporte brasileiro que participaram desta imersão em inovação, disrupção e tencologias exponenciais organizada pelo SEST SENAT.

“Espero que tenhamos atingido o nosso objetivo de fazer provocações aos principais líderes da categoria. Conseguimos reunir pessoas do Brasil inteiro para uma imersão capaz de nos fazer pensar e conhecer o que as mentes mais brilhantes pensam sobre o futuro da humanidade para podermos customizar o futuro do transporte”.

O Executive Program foi realizado em Embu das Artes (SP), entre os dias 1° e 4 de outubro, pela Singularity University Brazil – empresa estadunidense que oferece programas de educação executiva, incubadora de empresas e serviços de consultoria empresarial.