Missão Internacional do Transporte – Suécia 2024 busca conhecimento de ponta
em sustentabilidade e inovação

Por Agência CNT Transporte Atual

Um dos momentos mais instigantes, até o momento, da imersão proporcionada
pelo Sistema Transporte na Suécia foi o workshop ocorrido no Museu Vasa.
Nesse espaço, os empresários do setor de transporte visitaram um navio de
guerra do século 17 que, de forma surpreendente, ajuda a entender problemas
de gestão contemporâneos.

Em resumo, a embarcação naufragou no que deveria ser o seu batismo, diante de
ilustres convidados e do próprio rei da Suécia, Gustavo II Adolfo. Um inquérito
foi instaurado, mas nunca se chegou a uma responsabilização. Na verdade,
houve uma sequência de equívocos, que vão desde a escolha das madeiras ao
formato do casco, passando pelo excesso de ornamentos. O navio foi montado
sem projeto, com base no conhecimento empírico de um mestre especialista, que
faleceu antes do término da construção. Para completar, os operários eram de
variadas nacionalidades e não compreendiam bem as ordens.

Essa história foi recontada pelo professor Mattia Bianchi, da Stockholm School of
Economics (SSE), que propôs uma reflexão sobre como o gerenciamento de

processos linear de resolução de problemas pode fracassar em condições de alta
incerteza. Para o acadêmico, em um projeto, mais vale a disposição em fazer
muitos testes do que se apegar a conceitos, sobretudo se eles conduzem a
tomadas de decisão precipitadas. O contra-exemplo que ele deu foi o avião
construído pelos irmãos Wright, que alcançou voo após centenas de pequenos
ajustes.

Igualmente interessante foi a dinâmica conduzida pela professora associada da
SSE, Frida Pemer, que trabalhou com os conceitos de dilema, paradoxo e
reformulação (reframing). No dilema, costuma-se sopesar as vantagens e as
desvantagens das alternativas. Uma escolha anula a outra. Já o paradoxo envolve
polos com valores contrários, mas ambos podem ser válidos.

A reformulação é uma forma de sair de impasses. E foi justamente isso que, em
grupos, os participantes tiveram de exercitar, a partir de dilemas reais
enfrentados pelo setor de transporte – por exemplo, “transição energética x
custo elevado para a renovação de frota”. Para isso, eles usaram o “Método 4R”,
que consiste em reconhecer diferentes perspectivas (recognize); aprender com a
perspectiva do outro (respect); reconciliar os dilemas resultantes da colisão
entre diferenças (reconcile) e, com base no diálogo, implementar as soluções
(realize). Os resultados alcançados surpreenderam o grupo.
A programação da Missão Internacional do Transporte – Suécia 2024 continua
até sexta-feira (26).